TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO

3º domingo do Advento: qual o significado da vela roxa?

No 3º Domingo, acendemos a vela roxa clara, quase rosa, porque é o domingo da alegria, desde a alegria do rei Davi, que celebrou a aliança e sua perpetuidade. Esta alegria vem da chegada do Salvador prometido por Deus e anunciado pelos profetas. As leituras constituem uma mensagem de consolação e de alívio. Muitas são as passagens bíblicas que nos lembram isso:

“Clama, jubilosamente, filha de Sião, solta gritos de alegria, Israel. Exulta, rejubila de todo coração, filha de Jerusalém. Naquele dia dirão ‘O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói que te vem salvar’ ” (Sof 3,14-16). Esse dia tão cheio de gozo é o dia do Nascimento de Jesus em Belém, pois o Senhor se faz presente no mundo de maneira real, feito homem entre os homens para ser o Salvador. Se Jerusalém exulta com esperança “daquele dia”, a Igreja, ano após ano, celebra com alegria infinitamente maior.

Confiemos no Senhor
“Dizei aos corações perturbados: ‘Tende coragem. Não vos assusteis; ai está o Vosso Deus. Ele próprio vem salvar-vos. Então os olhos dos cegos hão de abrir-se e descerrar-se os ouvidos dos surdos. Então o coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria” (Is 35,4-6). Essas palavras de Isaías, para confortar os desterrados de Israel, nos animam, para que mesmo em nossa fraqueza, confiemos no Salvador. Ele virá para nos dar coragem, para amparar os fracos, para curar as feridas do pecado e dar a todos a salvação. Animam-nos a confiar no Salvador e se alegrar.

“Exulto de alegria por causa do Senhor; minha alma rejubila por causa de meu Deus, que me revestiu com os trajes da salvação e me envolveu num manto de justiça” (Is 61,10). Este é o canto de alegria de Jerusalém libertada e reconstruída após o desterro da Babilônia; e agora se aplica à Igreja que se alegra e dá graças pela salvação realizada por Cristo.

Alegrai-vos!
Davi é o rei, imagem de Jesus; unificou o povo judeu sob seu reinado, assim como, Cristo unificará o mundo todo sob seu comando. Cristo é Rei e veio para reinar; mas o Seu Reino não é deste mundo; não se confunde com o “Reino do homem”; seu Reino começa neste mundo, mas se perpetua na eternidade, para onde devemos ter os olhos fixos, sem tirar os pés da terra. Com a alegria de quem se sente perdoado, o terceiro domingo se inicia com a seguinte proclamação:

“Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”. Estando já próxima a chegada do Homem-Deus, a Igreja pede que “a bondade do Senhor seja conhecida de todos os homens”. (Fil 4,4) A Igreja coloca diante de nossos olhos a esperança alegre de Israel, que também é nossa, e que Jesus aplica a si: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor. Exulto de alegria no Senhor e minh’alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa, ou uma noiva com suas joias. Assim como a terra faz brotar a planta e o jardim faz germinar a semente, assim o Senhor Deus fará germinar a justiça e a sua glória diante de todas as nações” (Is 61,1-11).

Presença de Nossa Senhora
Para celebrar essa alegria, a liturgia traz o Magnificat de Nossa Senhora: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. Encheu de bens os famintos, despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia” (Lc 1,46-54).

É o tempo de meditar no que São Paulo lembra-nos; essa missão de bondade e de alegria confiada aos cristãos: “Irmãos, vivei sempre na alegria (…) avaliai tudo, mantendo o que é bom. Conservai-vos longe de qualquer espécie de mal” (2Tes5,16-22). Não são reprováveis apenas as más ações, mas, também, a omissão de tantas obras boas que não se concretizam por egoísmo, por frieza ou por indiferença com o próximo necessitado. Fazer o bem faz bem.

Para viver essa alegria é preciso da mortificação do corpo, tendo em vista a fragilidade da nossa natureza. A vida moderna nos oferece inúmeras comodidades e prazeres sensíveis; aceita-los sem qualquer limitação, nos levaria ao enfraquecimento da vontade. O Concilio Vaticano II nos lembra que: “O espírito do homem, mais liberto da escravidão das coisas, pode mais facilmente levantar-se ao culto e contemplação do Criador” (GS, 57).

Nesse tempo, a Igreja nos chama a viver um pouco a “espiritualidade do deserto”, que não consiste apenas de mortificação e de renúncia, podemos incluir: tempo de silêncio, recolhimento e meditação, que nos dão capacidade de amar, servir a Deus e contemplar os seus mistérios.